A manifestação de racismo e ódio feita pelo Prefeito Aurélio Goiano, contra as religiões de matriz africana, no ultimo dia 11, na Câmara Municipal, onde se realizava cerimonia em homenagem aos Dia dos Evangélicos, vem ganhando cada dia mais repercussão, em diversos segmentos da sociedade, principalmente nas redes sociai. Ontem o fato ganhou espaço especial na página g1 da Rede Globo, que deu destaque ao fato, levando o mesmo para conhecimento nacional. A Publicação feita pelo g1 tem o seguinte teor; –
‘Se liga pra não ir pro inferno’: no Pará, fala de prefeito sobre religiões afro provoca repúdio
Declarações de Aurélio Goiano sobre religiões afro-brasileiras geram reação de vereadores e entidades religiosas. Câmara Municipal cobra retratação.
O prefeito de Parauapebas, Aurélio Goiano (Avante), está no centro de uma polêmica após declarações consideradas discriminatórias contra religiões de matriz africana, feitas durante uma sessão solene na Câmara Municipal. O evento, realizado na última quarta-feira (11), celebrava o Dia Municipal do Evangélico. Até a publicação desta reportagem, o prefeito ainda não havia se manifestado oficialmente sobre o caso.
Durante o discurso, que viralizou nas redes sociais, o prefeito afirmou:
“Esse prefeito é terrivelmente temente a Deus. Se as religiões de matriz africanas precisarem do apoio da prefeitura, a Coordenação de Assuntos Religiosos está de portas abertas e um pastor irá recebê-los e ainda vai dizer: Jesus salva, Jesus cura e se liga para você não ir para o inferno!”.
Ele prosseguiu dizendo que não acredita “em nada mais do que Jesus Cristo, o resto, pra mim é resto”, e mencionou o coordenador de Assuntos Religiosos, pastor Geraldo Teixeira, como “matador de demônios” que receberia os seguidores de outras crenças.
Entidades religiosas, movimentos civis e parlamentares consideraram o discurso um caso de intolerância religiosa.
Câmara pede retratação
A repercussão levou a Câmara Municipal de Parauapebas a publicar, no domingo (15), uma nota oficial de repúdio às declarações do chefe do Executivo. O documento é assinado pelo presidente da Casa, vereador Anderson Moratorio (PRD), e pelos membros da Comissão de Direitos Humanos — Tito do MST (PT), Érica Ribeiro (PSDB) e Sadisvan Pereira (PRD).
Na nota, o Legislativo afirma que as declarações são “inaceitáveis” e “absolutamente incompatíveis com os deveres constitucionais atribuídos a qualquer agente público”. A Câmara também lamentou que uma sessão solene, voltada à celebração da fé, tenha sido marcada por discursos que geraram “profunda indignação em lideranças religiosas, organizações civis e diversos segmentos da sociedade”.
Segundo os vereadores, o conteúdo do pronunciamento do prefeito carrega “elementos de intolerância religiosa, desinformação e estigmatização das religiões de matriz africana, que historicamente sofrem discriminação e marginalização no Brasil”.
A nota ainda destaca que houve uma violação ao princípio constitucional da laicidade do Estado, e cobra uma manifestação pública de retratação por parte de Aurélio Goiano, com “ampla divulgação, dirigida às comunidades impactadas e à sociedade parauapebense”.
Racismo religioso
Antes mesmo da manifestação da Câmara, a Federação Espírita Umbandista dos Cultos Afros Brasileiros do Estado do Pará (FEUCABEP) também repudiou as falas, classificando-as como racismo religioso, crime previsto em lei. A entidade pediu a responsabilização do prefeito e do diretor de Assuntos Religiosos da cidade.
A Câmara concluiu o comunicado reafirmando seu “compromisso inegociável com os direitos humanos, com a liberdade religiosa e com a construção de uma sociedade democrática, justa, inclusiva e plural”.
Até a publicação desta reportagem, o prefeito Aurélio Goiano ainda não havia se manifestado oficialmente sobre o caso.