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‘Projeto Ciclos’, do Abelardo Santos, ajuda profissionais a lidarem com o luto

Protagonizada por um grupo de estudo, a ação abraça a saúde emocional dos colaboradores que vivem e vivenciam, diariamente, a dor da morte

A notícia de que alguém que estava internado em um hospital faleceu é difícil para quem recebe e também para quem fala. Lidar com o luto, mesmo com anos de experiência em saúde, é um trabalho árduo que mexe com o emocional. 

Por isso, para ajudar a diminuir a carga mental que o trabalho exige, o Hospital Regional Abelardo Santos, localizado na Grande Belém, oferece aos colaboradores um grupo de estudo e assistência ao luto. O Projeto Ciclos é voltado para aqueles que atendem em unidades de terapia intensiva. 

“Eles lidam constantemente com as dores provocadas pelo adoecimento e internações, sofrimentos, morte e luto, causando-lhes elevado grau de estresse e algumas vezes adoecimento mental. Como seres humanos, são atravessados pelo sofrimento daqueles que cuidam, pois vínculos são construídos, identificações com situações vividas, acarretando processos de luto”, explica a psicóloga da equipe multidisciplinar, Amanda Ceres. 

Conforme o hospital Abelardo Santos, o projeto funciona no próprio contexto hospitalar, onde os personagens que interagem são o paciente, a família e o cuidador profissional, entendidos como unidades de cuidados.

As experiências entre eles estão ligadas, portanto, segundo a unidade, o profissional de saúde faz parte do campo de intervenção psicológica no hospital, como alguém que influencia e é influenciado pelos elementos que os constituem. O que deixa certo que para cuidar, o profissional de saúde precisa ser cuidado.

“Com o Ciclos, pretendemos oferecer cuidados aos profissionais da saúde que lidam diretamente com a morte, integrando o domínio cognitivo e afetivo. Este grupo se caracteriza como um grupo de estudos de luto na medida em que se direciona para a educação continuada e o aperfeiçoamento dos profissionais da saúde com o tema da morte, morrer e luto. E de assistência aos profissionais enlutados pelo fato de se constituir como um local de fala, de escuta, acolhimento, integração e intimidade entre a equipe assistencial de saúde”, complementa Amanda. 

Na prática, os profissionais são beneficiados na medida em que desenvolvem habilidades e atitudes que permitam uma abordagem adequada para com os pacientes e suas famílias, que enfrentam doenças que levarão à morte, levando em consideração os aspectos éticos, culturais, religiosos, filosóficos, científicos da morte e do morrer. 

Os encontros costumam ser mensais e com duração média de uma hora e meia. Ocorrem na sala Núcleo de Ensinos Assistenciais- NEAS. Facilitado por uma profissional psicóloga, as reuniões contam com aulas expositivas; debates; leitura e discussão de textos e artigos; discussão de casos clínicos; filmes; músicas; vivências (trabalhando sentimentos, emoções relativos a perdas e lutos); dinâmicas de grupo; poesias; e artes.

À frente do NEAS, a enfermeira Jamilly Silva acredita que não se pode subestimar a desordem que a percepção do luto causa a qualquer pessoa, e os profissionais de saúde não são exceção. “Em detrimento a isso, somos parceiros do Projeto Ciclos, junto à psicologia, para que a Equipe da UTI, que lida no seu cotidiano com notícias difíceis, possa ter um momento de estudo e acolhimento acerca do tema, não somente para atuar de forma mais precisa em situações como essa, mas também para recuperar a compreensão da morte como fenômeno natural, assim compreendê-la como parte integrante da vida”, ressalta. 

Atuando na UTI adulta do hospital, a técnica em enfermagem Gleice Costa Botelho já esteve nos dois lados da história. Recentemente, perdeu a avó, que chegou a ficar uns dias internada no Abelardo Santos. “Eu, por ser da área, pensei estar preparada para a partida dela, pois eu lido com óbitos constantemente, então eu tentava passar segurança e dizer para minha família que tínhamos que estar preparados para o pior, mas quando eu a vi partindo, sentindo os últimas pulsações dela, eu vi que não eu não estava”, lembra. 

Participante do grupo de acolhimento, a colaboradora relata o quanto esses momentos são importantes e necessários. “Nós, profissionais da saúde, atuamos com perdas de pacientes em estado crítico e muitas vezes acabamos nos apegando a eles, principalmente na UTI que temos pacientes de longa permanência. A perda desse paciente se torna dolorosa não só para a família ao receber o boletim de óbito, mas também para nós que estávamos diretamente  aos cuidados dele”, pontua. 

Serviço

O Hospital Regional Dr. Abelardo Santos é uma unidade da rede pública de saúde do Governo do Pará, com 340 leitos de internação, entre clínicos e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), adultos e pediátricos. A unidade é administrada pelo Instituto Mais Saúde, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).

 Ascom HRAS

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