As pesquisas na região são realizadas anualmente. O barco hotel tem três andares e transporta os especialistas por cerca de 3.500 quilômetros.
Estudos sobre a vegetação da Bacia do Rio Araguaia contam com apoio de um ‘barco hotel’ que percorre a região. Neste ano, são transportados 35 pesquisadores que analisam as plantas que ficam na superfície da água, qualidade de lagos e a recuperação do rio após o período de estiagem. Para o coordenador do projeto, Ludgero Cardoso, as informações coletadas poderão ajudar o poder público a conservar a região.
“A gente tem percebido nos últimos anos, a ocupação humana na região do Araguaia tem aumentado. Isso também traz impactos. É importante que as prefeituras locais se unam, os estados se unam, que as agências de financiamento de pesquisa se unam para a gente tentar conservar ao mesmo tempo que a gente cresce economicamente a região. Então que seja um crescimento de forma sustentável”, explicou.
O barco hotel tem três andares e navega 3.500 quilômetros. Pesquisadores de diversas universidades do Brasil revezam a embarcação, mas alguns que desenvolvem metodologias mais complexas ficam mais tempo, por período integral, durante quase um mês.
As pesquisas fazem parte de uma expedição anual pela Bacia do Rio Araguaia. Neste ano, as atividades começaram no início de fevereiro. A iniciativa faz parte do grupo Aliança Tropical de Pesquisa da Água, que une mais de 200 pesquisadores do Brasil e da Australia.
Barco hotel transporta pesquisadores pelo Rio Araguaia, no Tocantins — Foto: Divulgação/Ana Paula Rehbein
Em 2023, o pesquisador e especialista em gestão ambiental, Lucas Tabeira Monteiro, realizou estudos sobre a concentração preocupante de mercúrio nos peixes do rio Araguaia. Neste ano, ele também passou a analisar os sedimentos no fundo do rio e lagos.
“Nós vimos que o desmatamento, a conversão da área natural para agricultura e pecuária é o principal fator que transporta esse mercúrio para o fundo dos lagos. Ele se acumula no organismo, principalmente relacionado a gordura, nos músculos e a eliminação dele é muito baixa, causando riscos tóxicos, nos rins. Na Amazônia, a proporção de metilmercúrio, em torno de 1 a 2%. Aqui na Araguaia, nós encontramos a proporção de até 22%“, contou.
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Pesquisadores chegam a passar quase 30 dias em ‘barco hotel’ durante estudos no Rio Araguaia — Foto: Reprodução/TV Globo