No último fim de semana, Gusttavo Lima e Ronaldo Caiado participaram de um evento que gerou grande repercussão. A marca Ignite, que comercializa cigarros eletrônicos e bebidas alcoólicas, organizou uma grande festa em Bela Vista de Goiás. Durante o evento, o governador de Goiás e o cantor foram associados à promoção de produtos da empresa, incluindo os controversos vapes, dispositivos eletrônicos para fumar que são proibidos no Brasil desde 2009 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
O evento e a polêmica com os cigarros eletrônicos
Gusttavo Lima, que já é conhecido como “Embaixador” no mundo sertanejo, foi nomeado o representante oficial da linha de bebidas da marca Ignite. No palco, o artista se apresentou cercado de efeitos visuais, como fogos de artifício, e com a presença de um telão que revezava entre sua imagem e o logotipo da Ignite, que continha um animal com chifres. A polêmica, no entanto, começou quando foi notado que a marca também comercializa cigarros eletrônicos, popularmente conhecidos como vapes, produtos banidos no Brasil devido aos riscos à saúde.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária já se posicionou diversas vezes contra a venda, fabricação e importação de vapes, citando o perigo desses dispositivos, que podem conter até 20 vezes mais nicotina do que o cigarro tradicional. Além disso, esses produtos têm sido associados a diversas doenças graves, como câncer de pulmão e infarto, conforme alertam os especialistas. Apesar da proibição, o mercado ilegal de vapes segue em crescimento, com fácil acesso a esses dispositivos tanto pela internet quanto em locais movimentados.
A presença de Ronaldo Caiado e sua defesa
Ronaldo Caiado, que esteve no evento junto de Gusttavo Lima, foi visto usando um casaco com o logotipo da Ignite, o que gerou questionamentos sobre o apoio do governador à marca e, consequentemente, aos cigarros eletrônicos. Ao ser procurado para esclarecimentos, Caiado afirmou que não tinha conhecimento de que a estampa no casaco fazia alusão a uma marca de vapes. Segundo ele, o agasalho foi emprestado durante a festa para se proteger do frio e não havia percebido que o logo representava a Ignite.
Em sua defesa, o governador enfatizou sua posição como médico e ressaltou ser totalmente contra o uso de dispositivos eletrônicos para fumar, devido aos severos riscos à saúde. Ele reforçou que sua participação no evento era exclusivamente para prestigiar a entrada da marca Ignite no mercado de bebidas alcoólicas, e não dos cigarros eletrônicos.
Gusttavo Lima e a Ignite Spirits
O cantor Gusttavo Lima também se pronunciou sobre a questão, destacando que sua parceria com a Ignite estava relacionada exclusivamente à linha de bebidas alcoólicas da empresa, composta por gin e vodka, e não aos cigarros eletrônicos. Ele explicou que o evento foi planejado para comemorar o lançamento da Ignite Spirits no Brasil e que sua função como embaixador da marca se limita a promover essas bebidas.
No entanto, a situação gerou grande debate, especialmente pelo fato de a Ignite ter um site em português que, além das bebidas, também oferece cigarros eletrônicos com frete grátis para várias regiões do país. A venda dos vapes, apesar de proibida, continua acontecendo de forma não regulamentada, o que faz com que figuras públicas associadas à marca sejam automaticamente vinculadas à promoção desses dispositivos.
Anvisa e a proibição dos cigarros eletrônicos no Brasil
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforçou em abril de 2024 a manutenção da proibição de comercialização, fabricação e importação de cigarros eletrônicos. O órgão destacou que os dispositivos, conhecidos como vapes, representam uma grave ameaça à saúde pública. Segundo estudos, o uso de cigarros eletrônicos aumenta significativamente os riscos de doenças cardiovasculares e respiratórias.
Apesar da proibição, a Anvisa reconhece que o mercado clandestino de vapes cresceu de maneira alarmante nos últimos anos. Entre 2019 e 2023, as apreensões de dispositivos eletrônicos para fumar aumentaram 14 vezes no Brasil, mostrando que, mesmo com a proibição oficial, os vapes continuam circulando amplamente no mercado informal.
Repercussão e o impacto da divulgação
A presença de Gusttavo Lima e Ronaldo Caiado no evento da Ignite gerou diversas reações nas redes sociais e na mídia. Enquanto alguns fãs apoiam o cantor e entendem que sua participação estava restrita à promoção das bebidas, outros criticam a associação com uma marca que também comercializa produtos proibidos no país. A situação coloca em evidência a responsabilidade de figuras públicas ao se associarem a empresas e marcas que, mesmo operando dentro da legalidade em um segmento, têm ramificações polêmicas em outros.
O debate sobre a legalização ou não dos cigarros eletrônicos no Brasil permanece em aberto, com especialistas de saúde pública e autoridades defendendo a manutenção da proibição devido aos graves riscos envolvidos. Ao mesmo tempo, o crescimento do mercado informal desses dispositivos aponta para a necessidade de medidas mais eficazes de controle e fiscalização.