Oftalmologista reforça a necessidade de realização do Teste do Olhinho e de observar manchas nos olhos das crianças, em fotos tiradas com flash da câmera
O Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce de Retinoblastoma, um câncer ocular de característica rara, é lembrado nesta segunda-feira (18), e o Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR) reforça a oferta do seu serviço de saúde ocular à população paraense, alertando para a importância de se manter consultas rotineiras, e no caso de crianças, ao pediatra, que ao detectar algum sintoma, encaminha para avaliação do oftalmologista.
O retinoblastoma é caracterizado por uma lesão maligna originária das células da retina, estrutura responsável pela visão. Segundo o Ministério da Saúde (MS), a doença – que pode afetar um olho ou ambos os olhos – é mais comum em crianças e corresponde a 3% dos cânceres infantis, chegando a cerca de 400 casos por ano.
Para a oftalmologista do CIIR, Maria Maeve, o diagnóstico precoce pode alcançar índices elevados de cura e preservação da visão e do olho da criança. “Todavia, o prognóstico não é favorável se o retinoblastoma estiver disseminado além do olho, se houver metástases para outras partes da cabeça, ou seja, é quando as células cancerosas migram de um lugar ao outro no organismo”, explica.
A médica Maria Maeve destaca que, de forma mais comum, a doença se instala devido a uma mutação, com a multiplicação descontrolada de células, mas que existem casos provocados pela hereditariedade, quando um dos pais a transmite geneticamente. “Também há uma mutação nova que começa na criança, que posteriormente, transmite aos seus descendentes. Neste caso, a doença desenvolve no bebê antes de completar um ano de idade”, esclarece.
A dona de casa Kátia Alves, de 29 anos, foi até o Centro em busca por atendimento para sua filha Clara, de três anos, que há alguns dias sinaliza incômodos nos olhos.
“Fomos encaminhadas para o CIIR e a consulta foi bem conduzida pela médica, que observou todo o globo ocular da Clara. O incômodo é por conta de outro diagnóstico, o de baixa visão. A médica citou o retinoblastoma e nos alertou para a prevenção. Ainda não tinha ouvido falar desta doença e foi bastante importante ter tocado no assunto para eu ficar mais atenta. Agora vou pesquisar um pouco mais o tema”, conta.
Diagnóstico – Existem três tipos da comorbidade: o unilateral, que afeta um olho; o bilateral que acomete em ambos os olhos, na maioria dos casos, é hereditário e costuma ser diagnosticado bem mais cedo que no unilateral; e o terceiro é o Tumor Neuroectodérmico Primitivo (PNET) ou Retinoblastoma Trilateral.
A oftalmologista faz um alerta para que os responsáveis levem todo recém-nascido para realizar o Teste do Olhinho e repeti-lo, com frequência, até os cinco anos, faixa etária mais atingida pelo retinoblastoma. O exame é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Sintomas – De acordo com Maria Maeve, um dos sintomas mais comuns é o desenvolvimento de uma área branca e opaca na pupila, chamada de leucocoria, causada pela reflexão da luz, provocada pela doença.
“No Brasil, essa condição é popularmente conhecida como ‘olho de gato’ e é facilmente achada em fotos tiradas com flash ativado da câmera. A criança deve ser levada ao oftalmologista tão logo o fenômeno seja identificado porque, mesmo que não seja um retinoblastoma, isso pode causar a perda da visão por intermédio de um outro diagnóstico”, orienta a profissional.
Outros agravantes são: problemas na movimentação do olho, o estrabismo; a redução da visão em um olho; dores nos olhos; o globo ocular maior que o normal; e ambliopia, quando um olho enxerga melhor que o outro. A médica complementa que os tumores pequenos podem ser tratados com métodos de laserterapia e crioterapia, que permitem à criança continuar a enxergar. “Nos diagnósticos mais graves, pode haver a necessidade de enucleação, que é a retirada do olho e a criança pode necessitar de quimioterapia e/ou radioterapia”, orienta.
Em 2022, o CIIR proporcionou 3.393 consultas oftalmológicas. Neste ano, de janeiro a agosto, a instituição ofertou mais de dois mil atendimentos na especialidade.
Estrutura – O CIIR é referência no Pará na assistência de média e alta complexidade às Pessoas com Deficiência (PcDs) visual, física, auditiva e intelectual. Os usuários podem ter acesso aos serviços do Centro por meio de encaminhamento das Unidades de Saúde, acolhidos pela Central de Regulação de cada município, que por sua vez encaminha à Regulação Estadual. O pedido será analisado conforme o perfil do usuário pelo Sistema de Regulação Estadual (SER).
Serviço: O CIIR é um órgão do Governo do Pará, administrado pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). O Centro funciona na Rodovia Arthur Bernardes, n° 1000, em Belém. Mais informações: (91) 4042-2157/58/59.